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CAPS II de Paraíso realiza capacitação

24/11/2008

 O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de São Sebastião do Paraíso realizou na quarta-feira, 5 de novembro, uma capacitação para todos os profissionais que trabalham com saúde mental.
 De acordo com a coordenadora do serviço, Eliane Matheus Bonfante, um dos objetivos da capacitação é a sensibilização dos profissionais dos CAPS para as orientações do Ministério da Saúde (MS), da política estadual de Atenção Psicossocial e também sobre o Programa Nacional de Avaliação de Serviços Hospitalares (PNASH), versão psiquiatria. A capacitação refere-se a um prêmio conseguido pelo CAPS II através de um projeto elaborado pela equipe.
 A capacitação foi realizada pela psicóloga, Lourdes Aparecida Machado, que também é especialista e referência técnica em saúde mental da Secretaria Estadual de Saúde Mental de Minas Gerais, além de membro do Conselho Regional de Psicologia, vinda de Belo Horizonte especialmente para a ocasião.
 A palestra  abrangeu desde a Luta Antimanicomial, verificada ao longo de anos no país, o­nde Lourdes citou muito sobre a cidade de Barbacena, conhecida por ter um dos mais cruéis manicômios do Brasil. A cidade atraiu esses manicômios em decorrência da antiga idéia, defendida por alguns médicos, de que seu clima ameno, com temperaturas médias bem baixas para os padrões brasileiros, faz com que os ditos "loucos" fiquem mais quietos e menos arredios, supostamente facilitando o tratamento.
 Segundo a palestrante, nas décadas de 40, 50 e 60 era considerado freqüente os maus tratos aos pacientes psiquiátricos que eram internados nestes hospitais. E a situação só foi modificada também pela chegada ao Brasil de Franco Basaglia, em 1978, o psiquiatra italiano que fundou o Movimento da Psiquiatria Democrática e liderou as mais importantes experiências de superação do modelo asilar-manicomial em Gorizia e Trieste. Ele foi o primeiro a colocar em prática a extinção dos manicômios, criando uma nova rede de serviços e estratégias para lidar com as pessoas em sofrimento mental e cuidar delas.
 O caráter revolucionário dessa nova forma de cuidado estava expresso não apenas pelos novos serviços que substituíam os manicômios, mas pelos mais variados dispositivos de caráter social e cultural, que incluíam cooperativas de trabalho, ateliês de arte, centros de cultura e lazer, oficinas de geração de renda, residências assistidas, entre outros. a vinda de Basaglia ao Brasil naquele ano de 1978 foi considerada a "sorte grande".
 Ao retornar ao país no ano seguinte, quando fez uma visita ao Hospital Colônia de Barbacena, suas visitas seguidas acabaram produzindo uma forte e decisiva influência na trajetória da reforma psiquiátrica. Em Barbacena, Basaglia comparou a colônia de alienados a um campo de concentração, reforçando as denúncias de maus-tratos e violência. Sua presença recebeu tratamento e atenção especiais da imprensa, além de dar origem ao clássico documentário de Helvécio Ratton, “Em nome da razão”, de 1980, um marco da luta antimanicomial brasileira, ao lado de uma premiada série de reportagens de Hiran Firmino, publicadas inicialmente no jornal Estado de Minas e posteriormente pela Editora Codecri sob o título “Nos porões da loucura”, de 1982.
 Outro ponto chave foi na década de 90, quando na cidade de Bauru, São Paulo, surgiu o Movimento da Luta Antimanicomial,comemorado atualmente todo dia 18 de maio.
 Lourdes ainda citou que haverá sim a substituição dos hospitais psiquiátricos, só que de uma forma gradativa e responsável. O CAPS é o modelo mais indicado para essa substituição.  Uma equipe do Programa Nacional de Avaliação de Serviços Hospitalares (PNASH), versão psiquiatria é  responsável pela avaliação dos serviços oferecidos pelos CAPS e obtendo pontuação inferior a 61 pontos, a instituição terá até 90 dias para se readequar, caso isso não aconteça, será descredenciada.
 O CAPS existe em Paraíso desde 2006 e atualmente conta com uma médica psiquiátrica, um médico de família, uma coordenadora administrativa, um coordenador técnico, um enfermeiro, duas técnicas de enfermagem,  uma psicóloga, duas terapeutas ocupacional, uma assistente social, dois auxiliares de limpeza, uma cozinheira e um auxiliar de serviços gerais.
 A capacitação foi oferecida a todos os profissionais do município que trabalham com saúde mental. Aproximadamente 90 pessoas estiveram presentes e logo após a explanação, foi realizada uma roda de debates.

 Assistência  —  Os CAPS são serviços de saúde abertos, comunitários, que oferecem diariamente atendimento às pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social destes pacientes através de ações intersetoriais que visam facilitar o acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
 É ainda função dos CAPS evitar internações e/ou reinternações em hospitais psiquiátricos, regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica. Assim, os CAPS se configuram como pontos sistêmicos da rede de saúde em seu território.