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II SECON: peça "O Navio Negreiro" dia 22 em Paraíso

17/11/2008

foto: Divulgação Da obra do escritor Castro Alves, a peça teatral “O Navio Negreiro” será apresentada gratuitamente em São Sebastião do Paraíso no sábado, dia 22 de novembro, a partir das 20h, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Abadia, logo após a missa especial de encerramento da II SECON, Semana de Estudos da Consciência Negra, que começa no próximo domingo, dia 16. A encenação tem o apoio da Prefeitura Municipal.
 A peça é apresentada desde 1971 pelo ator Benedito Irivaldo Vado de Souza, o “Vado”, como é popularmente conhecido e consagrado dentro e fora do Brasil. O espetáculo, com uma hora e quarenta minutos de duração, é uma homenagem ao poeta Castro Alves, idolatrado pelo artista, por ser um dos grandes defensores da raça negra, apesar de ser um homem branco. Durante a encenação, Vado interpreta 16 personagens e chega a emagrecer mais de um quilo por apresentação.
 “O Navio Negreiro” resgata o orgulho da raça negra, contando a história de mitos, muitas vezes, esquecidos pela história oficial. Entre os personagens, Vado interpreta Luther King, Nelson Mandela, Pelé, um preto velho, escravos, marinheiros, guerreiros, mulheres e crianças. Por meio de jogos de luzes, ele alterna entre os personagens e, sozinho, apresenta diálogos, fazendo um verdadeiro pingue-pongue, com rápida troca de figurino. “Só vendo para entender”, gaba-se o ator.
 Na opinião dele, Castro Alves estava em estado de graça quando escreveu o poema. Para conseguir ilustrar suas palavras, Vado conta que se preparou durante muito tempo, acumulando forças para ser o mais fiel possível àquela realidade. “Somente uma raça forte como a minha sobreviveria há mais de 400 anos de escravidão”.
 A peça começa com a aparição de um jovem negro, que carrega um complexo por sua cor e origem. Ele é apaixonado por uma mulher, que não é negra. Comparando sua raça com a branca, ele percebe a quantidade de negros revelados no esporte e na cultura. A partir daí, incorpora um preto velho e passa a contar um pouco da realidade dos negros da história, lembrando Zumbi, Chico Rei, Cruz e Souza e José do Patrocínio. Enquanto resgata os valores dos personagens, suas culturas e belezas, entra em cena, o branco Castro Alves, com o Navio Negreiro. É nesta hora que Vado se transforma nos personagens da narrativa do poeta. Quando o jovem volta à cena, ele está satisfeito e orgulhoso de sua cor.

 Otimismo — segundo o ator, a peça é uma mensagem de otimismo, já que, quando descobre a beleza de sua raça, o jovem negro se declara à mulher amada, certo de que não há diferença entre as pessoas, sejam elas brancas, pretas ou amarelas.
 A peça está em cartaz há 33 anos e já visitou quase todos os países da África, Europa, América Central e do Sul. O autor Vado já teve a oportunidade de se apresentar para públicos superiores a duas mil pessoas, em espaços como Maracanãzinho (RJ), Ibirapuera (SP), Anhembi (SP), Gigantinho (RS), Teatro Guaíra, em Curitiba (PR), e para sua total satisfação, no Teatro Amazonas, em Manaus (AM).
 Vado — Benedito Irivaldo Vado de Souza é paulista de Mogi-Guaçu. De família humilde, o ator ficou órfão aos quatro anos, junto com outros sete irmãos. Foi estudante de Engenharia Mecânica, trabalhou como ferramenteiro e, em sua juventude, chegou a jogar futebol pelo Guarani, de Campinas, e pelo Ituiutaba.
 Iniciou a carreira artística em 1969 no teatro amador de Campinas, sendo convidado no mesmo ano para compor elencos de novelas da Rede Record. Segundo conta, como artista, sofreu privações e humilhações até conhecer pessoas influentes do cenário artístico, político e sócio-cultural. A partir de 1975, já viajando com “O Navio Negreiro”, Vado chegou à Broadway, o­nde estudou arte dramática. Sobre a peça, ele reforça que é "cheia de sofrimento, de bondade, literatura e amor, muito amor à vida".